A empresa brasileira de armamentos Taurus, com sede em São Leopoldo (RS), viu o valor de suas ações despencar justamente após a assinatura do decreto governamental que flexibilizou a posso de armas no país. A aparente contradição suscitou hipóteses por parte da imprensa especializada e de economistas. A mais forte delas é a de que a oscilação é fruto da própria dinâmica de especulação do mercado. 

Outras duas explicações surgiram: a de frustração com o conteúdo do decreto – que poderia ser mais abrangente – e a de reação à declaração por parte do governo sobre a possibilidade de instalação de fábricas de marcas estrangeiras no país. Paulo Kliass, doutor em Economia, avalia que nenhuma delas é relevante. 

Kliass entende que o mercado acionário brasileiro é “bastante restrito”, com poucos investidores se comparado a outros países, o que faz com seja relativamente difícil estabelecer relações entre o mundo político e a variação de valores. Na interpretação dele, o movimento seguiu a lógica usual de funcionamento da área. “É uma natureza basicamente especulativa. Ano passado, houve uma aposta de que a candidatura de Bolsonaro teria um resultado positivo. Ou que a composição do Congresso seria favorável a mudanças legislativas. Isso já sugere algum grau de especulação”, exemplifica.

Durante a campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), as ações da Taurus tiveram uma valorização expressiva, apesar dos prejuízos registrados pela companhia em 2018. Nos primeiros dez dias de janeiro, os papéis da empresa tiveram alta de mais de 90%. 

Kliass explica que, mesmo “não se sabendo exatamente quem está por trás desse movimento”, os “profissionais do mercado” captaram a tendência. Enquanto alguns decidiram investir na Taurus na expectativa de que a empresa teria maiores lucros a partir do decreto, os investidores especulativos, capazes de ditar as tendências de mercado, esperaram o ponto máximo de valorização –  a manhã de terça-feira (15), dia da assinatura – para vender. Em outras palavras, compraram com valores baixos e venderam com valores altos, “realizando o lucro especulativo”.

A lógica especulativa, lembra Kliass, não impede que estes vendedores, que podem ter contribuído para a desvalorização, passem a recomprar as ações com a expectativa de nova alta, para revendê-las mais uma vez. 

Apesar das críticas da chamada “bancada da bala”, o economista descarta que os grandes especuladores tenham se frustado com o conteúdo do decreto. Mesmo a proposta do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), de liberar a entrada de marcas estrangeiras e quebrar o monopólio da Taurus é ainda, segundo Kliass, incapaz de influenciar a oscilação. 

A íntegra das informações está disponível no site Brasil de Fato.

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