Em meio aquela que está sendo definida como a eleição mais importante da história do Brasil desde a redemocratização, em 1985, estudiosos e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento têm se esforçado para compreender a nova força política que emergiu com vigor no país nos últimos anos. Liderada por um ex-capitão do Exército, com carreira militar pífia seguida de quase 30 anos de mandato como deputado federal igualmente inexpressivos, Jair Messias Bolsonaro em poucos anos se tornou um importante líder político de uma parcela significativa da sociedade brasileira. Sua liderança hoje é tão relevante ao ponto de rivalizar uma disputa eleitoral acirrada contra Luiz Inácio Lula da Silva, cujo protagonismo na cena política do País tem sido moldado há mais de 40 anos.

Para tentar entender a ascensão da extrema direita no Brasil e o bolsonarismo, fenômeno político que em poucos anos está fazendo desaparecer a chamada direita democrática, o Sul21 conversou com a antropóloga e cientista social Rosana Pinheiro-Machado. Professora titular da University College Dublin, na Irlanda, ela tem se dedicado a dirigir o WorkPoliticsBip, laboratório que investiga o nexo entre precariedade e extrema direita no Sul Global.

Ao investigar e refletir sobre o crescimento da extrema direita no mundo pelo olhar do Sul Global, Rosana rechaça o apelido de “Trump dos Trópicos” dado a Bolsonaro. Para ela, o impacto de uma figura como o atual presidente num país com a história do Brasil, forjada em séculos de escravidão e muita violência, se difere completamente do que representa a extrema direita nos Estados Unidos ou na Europa. O contexto é outro. E o contexto muda tudo, analisa a pesquisadora. “Se a gente pensar que o Bolsonaro é um ‘Trump dos Trópicos’, a gente não está pensando nas consequências, no Brasil, onde a democracia é muito mais frágil. As consequências de uma extrema direita aqui são muito mais violentas. O que acontece no Brasil em termos de gênero, perseguição de professores, o que está acontecendo na Amazônia, é incomparável. Talvez o Brasil seja o caso mais radical hoje da extrema direita no mundo”, analisa Rosana.

A íntegra da entrevista está disponível no site Sul21.

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